Disciplina - Cinema

Cinema Paranaense - 1a. época

A PRIMEIRA ÉPOCA 1897 - 1930

As primeiras exibições rudimentares cinematográficas pré-Lumière no Paraná aconteceram em Curitiba em 25 de agosto de 1897, no antigo Teatro Hauer . Já com o cinematógrafo, a estréia foi em 9 de outubro de 1897, no mesmo espaço, pela Companhia de Variedades do Theatro Lucinda, do Rio de Janeiro. (Santos, 2005). As companhias de variedades itinerantes eram uma das poucas diversões públicas do final do século XIX. Portanto, os moradores de Curitiba viram cinema apenas dois anos após a apresentação dos irmãos Lumière, em Paris. (ALVETTI, 1988).

Segundo Carvalho, Savazzi e Nasser (1988), o cinematógrafo era usado como complemento de espetáculos teatrais, de ilusionismo e outros tipos de variedades. As companhias começaram a se dedicar somente à exibição do cinematógrafo em 1900.

As primeiras filmagens no Paraná eram produzidas por cineastas estrangeiros, vindos com as companhias de variedades, e abordavam o cotidiano, paradas militares, comemorações cívicas, a natureza exuberante das Cataratas de Foz do Iguaçu e até a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá. (SANTOS, 2005).

O jornal A Republica apresenta em 1902, na página dois, a primeira crítica sobre o conteúdo de um filme produzido no Estado. Até então as notas se restringiam a tratar da qualidade das projeções. (STECZ, 1976)

Curitiba assistiu o primeiro filme brasileiro, ou cenas registradas no Brasil, em 1903. Já o cinema paranaense entra em cena, com cineastas locais, apenas em 1907. Anníbal Requião (1875-1929) foi o pioneiro a produzir localmente com o registro do desfile comemorativo ao aniversário da República no dia 15 de novembro daquele ano. (STECZ, 1976).

Anníbal Requião produziu cerca de 300 filmes, e quase todos os filmes foram encaminhados para a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Neste espaço se pretendia fazer uma reconstituição histórica do Brasil do período de 1911 a 1955. Entretanto, um incêndio, em 1957, destruiu todo o acervo da referida instituição. (KARAM e STECZ, 1980). Em Curitiba, a Cinemateca do Museu Guido Viaro encontrou e recuperou dois filmes do primeiro cineasta curitibano: Pannorama de Curityba, que se estima ser de 1912 ou antes, e Carnaval em Curityba, do final da década de 10, ou início da década de 20. (STECZ, 1976).

Portanto, quase nada resta da obra de Requião. Para Karam e Stecz (1980), a família de Requião não deu muita importância ao seu trabalho, não soube reconhecer quão importante ele era, e por isso não teve interesse de preservar sua obra.

Os filmes de Annibal Requião faziam muito sucesso, em termos de cinema paranaense. Os temas, sempre locais, giravam em torno de assuntos diários como o cotidiano da cidade, inaugurações, funerais de pessoas célebres, quermesses. O filme de maior sucesso foi A viagem a serra, que foi reprisado várias vezes em Curitiba. (CARVALHO, SAVAZZI e NASSER, 1988)

Seu sucessor, João Baptista Groff (1897-1970) dá continuidade às filmagens. Groff iniciou sua carreira de cineasta nos meados dos anos de 1920 com registros de paisagens e cidades do litoral do Paraná, as Cataratas e a extinta Sete Quedas, em Guaíra. (SANTOS, 2005).

Sylvio Back (1967) relata que as filmagens de Groff nas Cataratas do Iguaçu deslumbraram os americanos, que, prontamente compraram cópia das imagens e as inseriram no filme chamado Maravilhas da Natureza. Segundo Back, os americanos quase convenceram o cineasta a se mudar para Hollywood, com promessas de carreira promissora como cinematografista.

O principal expoente do cinema mudo paranaense é seu filme intitulado Pátria Redimida e teve grande impacto na carreira de Groff. Assim como os outros de sua época, Groff fazia apenas documentários sobre a natureza e sua beleza natural, entretanto passou a registrar acontecimentos políticos, o que lhe trouxe problemas mais tarde. (ALVETTI e KANO, 1980)

O documentário Pátria Redimida mostra os combates da Revolução de Trinta. Alvetti argumenta que o gênero é relevante para a história do cinema do Estado “por seu realismo, pela proposta e pelo uso de recursos como a animação e procedimentos jornalísticos, como imagens e entrevistas com os combatentes”. (ALVETTI, 2005:05)

Em 1942 sob ameaça de ser preso por ser considerado simpatizante do Eixo, Groff abandonou as filmagens. Faleceu nos anos 70, e, assim como Requião, perdeu quase todos seus filmes num incêndio em seu acervo particular. (ALVETTI e KANO, 1980).

Outro pioneiro é José Cleto (1901 – 1972). O seu documentário Nossa Terra (1928) mostra imagens de Porto União, cidade natal do cinegrafista. (SANTOS, 2005).

De acordo com Caio Cesaro (2001), Londrina, no norte do Paraná, também teve seu documentarista: Hikoma Udihara (1882 – 1972), imigrante japonês que fez registros importantes da região, mostrando as plantações de café, as cidades. Entre alguns registros de Udihara, estão Panorama de Londrina (1935) e Mandaguari (1938).

Nesta primeira época, também é preciso destacar Arthur Rogge. Industrial em Curitiba, ele morou no ano de 1927 em Hollywood, nos Estados Unidos. (BACK, 1967). Lá, fez o primeiro longa-metragem paranaense Hollywood Studios.

Apesar de ter sido filmado em Los Angeles, foi finalizado nos laboratórios da Rogge Produções, em Curitiba. Rogge também foi o primeiro a filmar a noite no Paraná. (ALVETTI, 2005).


Fonte: ALVETTI, C. Cinema do Paraná - elementos para uma história. In: 3º Encontro Nacional da Rede Alfredo de Carvalho, 2005, Novo Hamburgo. GT de História da Mídia Audiovisual, 2005.

 
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