Disciplina - Cinema

O cinema na perspectiva das múltiplas linguagens na formação de leitores

Relato: Esta proposta pedagógica trata da importância do uso do cinema na aprendizagem em sala de aula, relacionando as múltiplas linguagens com os conteúdos literários das Escolas do Romantismo e do Simbolismo, dialogando com os recursos dos filmes em destaques.

Professor: Flavio da Silva Pereira
Instituição: Colégio Estadual Vereador Luiz Maltaca.
Cidade/Estado: Itaperuçu- PR

Objetivo geral
Projetar quatro filmes com temática que relacione as do períodos romântico e simbolista.

Objetivos específicos
  • Contrastar a abordagem temática dos filmes e os modos da relação humana entre os personagens dos filmes: “E o Vento Levou”; “Um Amor Para Recordar”; “São Francisco de Assis;” e “Irmão sol e Irmã Lua”.
  • Destacar os pontos semelhantes entre os filmes com as características do Simbolismo.
  • Discutir com os estudantes os efeitos de sentido da música sobre o enredo, espaço, tempo no desenvolver da filmagem; pesquisar quem foi Francisco de Assis e qual sua influência no aspecto religioso.
  • Pesquisar os sentidos de três símbolos, tais como, cruz, altar e hóstia sagrada relacionados à religiosidade que caracterizem o Simbolismo. 
  • Os resultados foram excelentes e concluímos que os filmes podem contribuir em muito com a aprendizagem dos estudantes.

Metodologia
O desenvolvimento teórico usará a concepção de leitura centrada nos gêneros discursivos. Os estudantes mesmo antes de chegar á escola ele já teve contato com os referidos gêneros de maneiras diversificadas. Deste modo a leitura de mundo ocorre antes da leitura de palavra, por isso há que se levar em consideração o que se aprende antes de se chegar à escola. Conhecer o educando faz parte do processo de leitura. conhecê-lo no que se referem aos aspectos das esferas sociais de circulação, que envolve o mundo, tais como: cotidiana, literário-artística, escolar, imprensa, publicitária, política, jurídica, produção/consumo e midiática.
O texto literário dá ao ser humano a possibilidade de confirmar a sua própria humanidade. O contato do homem com outro ser humano o faz adquirir traço diferenciador de ser humano. Na busca de nossa humanidade o artista finge uma determinada situação ou sentimento. Nisto o artista está universalizando o sentimento dele, que é particular, mas o colocando ao alcance de toda a humanidade. Fernando Pessoa define o poeta com fingidor. Refere-se ao processo criativo de condução de sentimentos e percepções que as pessoas passam como seres sociais e coletivos.
A leitura de mundo é feita através de todas as experiências. A leitura ocorre antes, durante e depois de freqüentar a escola. A leitura do estético deveria ser introduzida para desenvolver o senso crítico do receptor. Regina Zilberman (1988) já nos alertava sobre a lacuna de leitura do estético como material de leitura estar voltado apenas para os Programas de Letras e/ou Educação de nível médio, ocupada para uma preparação para os vestibulares. A leitura de obras literária ajuda a motivação e compreensão dos fundamentos da estética e da Arte Literária.
Na leitura ocorre a relação do sujeito com o sentido. De acordo com Orlandi (19993, p.55) “O discurso não é um conjunto de textos, é uma prática. Para se encontrar sua regularidade não se analisam seus produtos, mas os processos de sua produção”. Neste sentido o uso dos gêneros discursivos como a música, cinema e textos literários dentro da sala de aula proporcionarão novos modos de leituras, além da escrita para formação de leitores, conforme atividades, abaixo, propostas.

UNIDADE 1: A Música Quem Ama Jesus não despreza a Mãe de Cristo.
Maria mãe de Jesus, Maria esposa de José, Aquele simples carpinteiro que com humildade viveu sua grande fé. De acordo com o Santo Evangelho, Jesus é a verdade e a vida. O verdadeiro caminho que nos conduz para a casa do Pai. Maria, tu és cheia de graça, que dentre todas as grandes mulheres, foste à única escolhida para ser a mãe do salvador. Aquele que ama Jesus, Não pode desprezar a mãe de Cristo, que deu ao mundo o seu Filho para cumprir as promessas de Deus. (PEREIRA, 2010, p.4)
UNIDADE 2: Agradecimento ao Pai.
Eu quero agradecer a você querido Pai, que nos enviou o seu Filho Jesus e, Nos deu Maria a mulher mais santa para ser a Mãe de Jesus. Se Deus quis escolher Maria pra ser a mãe de Jesus, não escolheria uma mulher qualquer para ser a mãe do Cristo Salvador. Eu rogo a meu Deus que venha perdoar os irmãos separados que não reconhecem na mãe de Jesus a mulher mais santa que deus escolheu. Não basta dizer Senhor, Senhor, para entrar no seu reino, preciso viver os dez mandamentos da Lei de Deus que o pai no ensinou. (PEREIRA, 2010, p.7)

UNIDADE 3: Os Beijos São Mais Doces
Quando eu chego em casa alguém abre O portão com sorriso e emoção na Esperança dum chegar e poder me abraçar Conquistar uma nova chance De agente se amar.
Refrão Coração o, o, o coração, meu grande amor. Por que você me faz passar a vida Inteira pensando em você?
A você meu caro amigo Que leva consigo um amor E uma ilusão e tem satisfação Isto é que importa pra você Chegar a sua realização.
Eu fiz esta canção pensando em você que um dia já amou outro alguém qualquer e tem satisfação isto é o quê engana o seu pobre coração.
Quando a gente ama aquele bem querer que esteja junto de si, as rosas são mais flores, Os beijos são mais doces, a vida é mais bela pertinho de você. (PEREIRA, 2010, p.8)
Sugestões de atividades
Na realização prática desta proposta o autor em seu texto, Flávio da Silva Pereira apresenta duas letras de músicas religiosas e uma letra voltada para o romance com as seguintes atividades: retorne aos textos e transcreva partes deles que possibilitem diferenciar a perspectiva religiosa da romântica; Cite a que corrente literária com que as letras de música religiosa se identificam. Por quê?; Cite a que corrente literária a letra da música “Os Beijos São Mais Doces” se identifica? Por quê?; pesquise as principais características do Simbolismo e cite quais se encontram nas letras musicais apresentadas pelo autor desta proposta?; pesquise as principais características do Romantismo e transcreva as que forem identificadas na letra musical “Os Beijos São Mais Doces” acima transcrita; os textos da estética do Romantismo e Simbolismo tratam do tema sobre o amor. Diferencie os sentidos da palavra amor nas duas letras da música religiosa em relação à narrativa e na poesia romântica.

UNIDADE 4 – O Cinema
Sugestões de Atividades
Projetar quatro filmes com temática que relacione as do período romântico; contrastar a abordagem temática dos filmes e os modos da relação humana entre os personagens do filme. “E o Vento Levou” de 1939, sob a direção de Victor Fleming com do filme “Um Amor Para Recordar”, filme do século XXI, dirigido por Linwood Taylor, ambos relacionam-se para as características do Romantismo. Estes filmes podem ser encontrados nos endereços eletrônicos inseridos nas referências deste trabalho; assistir a filmes com músicas que tenham características próximas as da corrente literária simbolista, por exemplo: São Francisco de Assis, lançado no ano de 1961, dirigido por Michel Curtiz e Irmão sol e Irmã Lua, lançado em 1972, na Inglaterra, dirigido por Franco Zefferelli e após compará-los destacando os pontos semelhantes entre os filmes com as obras do Simbolismo. Estes filmes podem ser localizados no endereço eletrônico contido nas referências deste projeto; discutir com os educandos os efeitos de sentido da música sobre o enredo, espaço, tempo no desenvolver da filmagem; pesquisar quem foi Francisco de Assis e qual sua influência no aspecto religioso; pesquisar os sentidos de três símbolos, tais como, cruz, altar e hóstia sagrada relacionados à religiosidade que caracterizem o Simbolismo.

Unidade 5 - Os Textos Literário-Artísticos.
Ainda lhe Darei Uma Flor!
I – Saí a procurar nas esquinas do amor, que nem mesmo talvez o amor conheça. Encontrei alguém que me amava, mas para a minha realidade nem Se quer sonhava.
II - Sou sabedor de seu temperamento astuto e conquistador, não sabendo o mais ágil que soube lhe atrair, deixando marcas tão profundas, que não se anima em decidir.
III - Sei o esplendor de sua sinceridade por um não com tanta afinidade que ainda esperançou-me a felicidade.
IV - Ah! Se com o tempo eu conquistar a esperança, Se na esperança eu conquistar o amor e se dos três me der apenas o amor eu ainda lhe darei uma flor! Autor Flávio da Silva Pereira. (PEREIRA, 2010, p.11)

UNIDADE 6
O Paradoxo

O infinito no finito.
O começo pelo fim.
O nada pelo tudo, Deus é tudo,
Mas parece nada,
porque O Nada é tudo E tudo é Deus!
( PEREIRA, 2010, p.11).

Antífona
Ó Formas alvas, brancas, Formas claras
De luares, de neves, de neblinas!...
Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...
Incensos dos turíbulos das aras...
Formas do Amor, constelarmente puras,
De Virgens e de Santas vaporosas...
Brilhos errantes, mádidas frescuras
E dolências de lírios e de rosas... I
ndefiníveis músicas supremas,
Harmonias da Cor e do Perfume...
Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...
Visões, salmos e cânticos serenos,
Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...
Infinitos espíritos dispersos,
Inefáveis, edênicos, aéreos,
Fecundai o Mistério destes versos
Com a chama ideal de todos os mistérios.
Do Sonho as mais azuis diafaneidades
Que fuljam, que na Estrofe se levantem
E as emoções, sodas as castidades
Da alma do Verso, pelos versos cantem.
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rime clara e ardente...
Que brilhe a correção dos alabastros
Sonoramente, luminosamente.
Forças originais, essência, graça
De carnes de mulher, delicadezas...
Todo esse eflúvio que por ondas passe
Do Éter nas róseas e áureas correntezas...
Cristais diluídos de clarões álacres,
Desejos, vibrações, ânsias, alentos,
Fulvas vitórias, triunfamentos acres,
Os mais estranhos estremecimentos...
Flores negras do tédio e flores vagas
De amores vãos, tantálicos, doentios...
Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios..... Tudo!
Vivo e nervoso e quente e forte,
Nos turbilhões quiméricos do Sonho,
Passe, cantando, ante o perfil medonho
E o tropel cabalístico da Morte..
(Autor Cruz e Souza Fonte: www.dominiopublico.gov.br)

Catedral
Entre brumas, ao longe, surge a aurora.
O hialino orvalho aos poucos se evapora
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece, na paz do céu risonho,
Toda branca de sol.
E o sino canta em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”. (Autor: Alphonsus de Guimarães)

Sugestões de Atividades:
Trabalhar “Primeiros Cantos” de Gonçalves Dias; “Espumas Flutuantes” de Castro Alves; e na prosa Inocência de Visconde de Taunay e destacar as principais características do romantismo nestas obras; inserir músicas nas letras de poesias do Simbolismo dos autores Cruz e Souza e Aphonsus Guimarães selecionadas pelos educandos e autor desta proposta; Transcrever as semelhanças simbólicas existentes entre as poesias Catedral e Antífona de Alphonsus Guimarães e Cruz e Souza; debater com os educandos sobre a atitude de Pereira, pai de Inocência, escolher para ela o noivo Manecão; Comparar com os modos como se estabelecem os relacionamentos na contemporaneidade; Perguntar a seus pais e avós se conhecem essa expressão, se era usada em sua época, considere se hoje ainda é utilizada e em que contextos; o senhor Pereira achou que a filha estaria resistindo o casamento com o manecão, porque estava com “mau olhado”, por causa do Dr. Meyer. Explique o que é “mau olhado”; pergunte a seus pais e avós se conhecem essa expressão, se era usada em sua época. Considere se ainda hoje é utilizada e em que contextos; características dos personagens Iracema e Manecão, destaque, que aspectos possibilitam enquadrá-los no perfil da estética romântica; Inocência é uma história de amor impossível, que envolve Cirino prático de farmácia e Inocência, do Sertão de Mato Grosso, filha de Pereira que mantinha uma mentalidade típica daquela região. Justifique esta afirmação.

Considerações finais

A leitura trabalhada neste artigo teve uma abordagem relacionada às múltiplas linguagens, tais como, música, poesia, cinema e obras literárias. Estas áreas de saberes foram instrumentos para incentivar o gosto dos educandos do Colégio Vereador Luiz Maltaca, Itaperuçu, pela leitura. A leitura é muito importante na vida de uma pessoa, principalmente quando realizada dentro de uma visão de mundo globalizada. Esta visão ultrapassa a leitura de códigos fragmentados e contempla múltiplas áreas do saber que devem estar a serviço da compreensão da leitura, inclusive para o exercício da cidadania. As múltiplas linguagens auxiliaram no incentivo à leitura e na compreensão das obras literárias, pois os educandos fizeram leituras de poesias, letras musicais, filmes e do cânone brasileiro. Estas atividades realizadas pelos estudantes envolvidos no projeto em tela amenizaram o problema da falta de interesse dos discentes pela leitura. A principal razão da escolha deste método no uso da leitura foi para ampliar o conceito tradicional dela e a partir disto usar das diversas linguagens como instrumento de compreensão de mundo. E com isto despertar o gosto pela leitura através de novos olhares em relação às áreas de saberes. Este projeto deu bons resultados quanto ao incentivo e compreensão de leitura, pois foi a partir desta que os educandos envolvidos neste trabalho tiveram contato com outras áreas de saberes dentro da literatura. Esta relação da música, poesia, cinema e obras literárias brasileiras com a literatura apresentada no decorrer do projeto resgataram a auto-estima dos educandos e mostrou a eles que ler é também praticar o exercício de cidadania.

Referencias:
GERALDI. W.J. O Texto na sala de aula. SP: Sandra Almeida, 2ª Edição. 2003.
http://panelinhabelezera.vilabol.uol.com.br/musica/milionario_joserico.html
http://panelin habelezera.vilabol.uol.com.br/musica/musicas.html, disponível em 09/042010;
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http://www.interfilmes.com/filme_21633_Sao.Francisco.de.Assis-%28Francis.of.Assisi %29.html, disponível em 07/04/2010.
ISER, W.1996. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo, Ed. 34, p. 191.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 2002.
REZENDE, Lucinea Aparecida, Leitura e visão de mundo: peças de um quebra-cabeça, Londrina: EDUEL, 2007.
SILVA. E. T. Conferência Sobre Leitura – trilogia pedagógica. SP: Autores Associados. 2ª Edição. 2005.
www.dominiopublico.gov.br www.literaturabrasileira.net ZILBERMAN, R. 1989 Estética da recepção e história da literatura, Ática, 124p.
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2009_ufpr_portugues_artigo_flavio_da_silva_pereira.pdf, acessado em 14 de fevereiro de 2018.

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