Disciplina - Cinema

Diana Moro

       
Diana Moro é roteirista e produtora de cinema, além de professora dos cursos de "Filmagem" e "Roteiro para Produção Audiovisual" do Senac-PR.

Cinema e educação

1) Você lembra como foi que começou a se interessar pelo universo do cinema?

Era pequena e meus pais tinham o costume de me levar para assistir as chamadas matinês, quando desenhos como Speed Race eram exibidos. Mas alguns filmes dessa época mexeram muito comigo, o primeiro deles foi E.T. – O Extraterrestre, que assisti no cinema. Depois, na televisão, pude assistir a primeira exibição de Contatos Imediatos do 3º grau. Nesta mesma época, meu pai conseguiu uma cópia de Alien – o Oitavo Passageiro. Posso afirmar que ali eu decidi com o que gostaria de trabalhar pelo resto da vida.
Ah! Quando eu tinha 14 anos, minha mãe me levou ao cinema para ver Pink Floyd – The Wall. Nunca mais assisti a um filme da mesma maneira que antes. Passei a enxergar de forma muito diferente...

2) Por que você escolheu essa forma de expressão artística?

Porque eu acho que é a mais completa. Quando a chamam de sétima arte eu digo que não é a sétima arte, mas que consegue ser as sete artes juntas. Veja: tem o texto da literatura; tem a luz, as cores, das Artes Plásticas; tem o 3D da Arquitetura; ela é Fotografia por essência; sem Música não existe e, ainda, de certa maneira, tem a coisa da definição que a Escultura tem que é o 3D. E ela tem isso porque você tem a figura humana no filme, mesmo que seja um documentário ou um desenho animado. É só observar a evolução do desenho animado. Hoje você vê o desenho animado em 3D. Até pouco tempo era o padrão Disney, aquela coisa chapada.
Acho que é isso que me fez ter escolhido essa área. Apesar de que eu não acho que escolhi. Acredito que é a expressão artística que escolhe a gente. É mais ou menos como quando se vai adotar uma criança, que dizem que não é você que a escolhe, mas ela a você.

3) Qual a relação que você vê entre o cinema e a educação?

Acho que o cinema tem uma capacidade maravilhosa de educar. Sabemos como as gangues americanas se vestem ou como são caras as lojas da 5ª Avenida. Conhecemos a América, e os americanos, pelos seus filmes. Se isso é educação? Acho que é. Podemos mostrar para o mundo nossa cultura, nosso povo, nossa música e ainda aprender com os resultados disso tudo.

4) Como você pensa que o cinema deve ser trabalhado com os alunos da Educação Básica (Ensinos Fundamental e Médio)?

Da melhor maneira: assistindo a filmes. Filmes de qualquer tipo. Hoje o audiovisual evoluiu muitíssimo, ou seja, até aquilo que parece chato como tema ganha vida com imagens diferenciadas e uma edição ágil. Acho que o cinema pode sim servir como base para a aprendizagem de História, Ciências, Biologia, línguas em geral. Claro que é importante o acompanhamento do professor, pois caberá a ele mostrar aos alunos os possíveis excessos cometidos nos filmes –principalmente naqueles inspirados em fatos reais, mas que têm uma estrutura de ficção.

Cinema e linguagem

5) Cinema: linguagem ou linguagens?

Linguagens. Diversas, diferentes, além da enorme diversidade cultural em função de todos os países que produzem filmes. Fora isso, a questão do próprio cinema ser muito novo – a mais nova das artes – possibilita uma convergência de tendências tecnológicas. O próprio cinema nasceu da tecnologia, da evolução da fotografia.

6) Cinema: entretenimento ou arte engajada / transformadora?

Um pouco das duas coisas. O cinema é entretenimento e arte. Difícil chegar a um denominador comum. Mas vamos falar a verdade: é muito bom se divertir com uma comédia descompromissada. Como também é bom ver um filme que mexe com você, acrescentando conhecimentos.

Cinema e novas tecnologias

7) Como é fazer cinema na era digital?

É a possibilidade de várias pessoas poderem se comunicar cada vez mais por meio de um meio de comunicação conhecido por seu alto custo de realização. O digital permite a agilidade, e a Internet permite a disseminação de seu produto. O que há um tempo atrás levava anos para as pessoas terem acesso, agora em questão de horas está postado no You Tube. Show, não?

Cinema no Paraná

8) Como é fazer cinema no Paraná? Quais são os pontos positivos? E os negativos?

Os pontos positivos são as equipes que estão ainda em formação e o público que também está em formação. Os pontos negativos, as “panelas”, mas isso existe em todo lugar.

9) Como é o mercado para as produções paranaenses?

Complicado falar sobre isso, existem produtores sérios trabalhando com projetos bacanas, importantes. Porém, ainda não há uma política de produção cultural séria, como acontece em outros Estados.

10) O cineasta Zelito Viana esteve em Curitiba ministrando a aula inaugural na Faculdade Estadual de CineTV há poucos dias e afirmou que o Paraná está se tornando um pólo do cinema brasileiro. Você concorda?

Acho que o “um pólo” ainda é cedo para se falar, vamos ver como será daqui a alguns anos. Um pólo não se forma apenas por causa de uma faculdade ou escola, mas a partir do trabalho de todos. Devemos esperar para ver o que irá acontecer no decorrer dos anos.

11) O que você pensa de uma faculdade estadual voltada para a formação de profissionais da área do cinema e da TV?

Acho importantíssimo. Principalmente se pensarmos pelo ponto de vista da formação de profissionais. Com o advento da TV digital, a tendência é um aumento consistente do mercado audiovisual. Sabe-se que não existem tantos profissionais bons por aí. Além do mais, a formação formal é importante para esta área, que durante muitos anos contou com profissionais que foram aprendendo no cotidiano, fazendo aos poucos.

Cinema e formação

12) Como é ensinar cinema?

Adoro! Sou apaixonada pela sala de aula. Costumo dizer que não ensino cinema, mas tento ajudar os alunos a enxergarem as imagens, lerem aquilo que não está escrito.

Cinema e projetos

13) Quais são seus novos projetos?

No momento estamos trabalhando em um documentário sobre superação: pessoal, física, amorosa o que vier... Ainda está em fase de criação, mas tenho certeza que será um documentário muito bacana. Um outro projeto – o nosso sonho aqui na Moro Comunicação – é o Bioma Brasil (www.biomabrasil.com.br) que utiliza o audiovisual como forma de educação ambiental.

Por: Márcia Regina Galvan Campos e Juratan Sebaje da Cruz em Nov/2007.
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