Disciplina - Cinema

Ittala Nandi

                                                                                      
Íttala Nandi é atriz, produtora, roteirista e tradutora. Coordena a Escola Superior Sul Americana de Cinema e TV do Paraná e é a principal incentivadora do Pólo de Cinema do Paraná. Produziu brilhantemente o II Festival do Paraná de Cinema Brasileiro e Latino em Curitiba, ocorrido no mês de outubro.

1) O governo do Estado está investindo na transformação do Paraná em um pólo de cinema. Como o Festival pode ajudar na concretização deste projeto?

Ajuda na melhoria da comunicação interna e nas possibilidades de se formar novas parcerias, assim como o crescimento do turismo. Veja, somente nesse 2º. Festival, que é um festival pequeno, iniciante, empregou-se 15 pessoas, recebemos 45 convidados e, com isso, veja quantas passagens aéreas, nacionais e internacionais, foram compradas, ocupamos durante uma semana 4 hotéis, publicamos anúncios, passaram pelo festival em torno de 26000 pessoas, todas as sessões noturnas lotadas, as oficinas idem, as mostras com 60% de aproveitamento. Em todas as capitais do Brasil em que existem festivais há mais de 10 anos, surgiram pólos de cinema fortes, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, sem falar que no Rio e em São Paulo já existem 3 festivais diferentes a cada ano, em cada uma dessas capitais. Por que será? Porque um festival movimenta idéias, muda costumes, novos encontros. Por exemplo, neste festival recebemos diretores de curtas-metragens de 21 Estados do Brasil. Pessoas que não conheciam o Paraná. Isso é marcante para elas e para os conhecimentos que os seus filmes criaram aqui. Um Festival de Cinema é o que pode haver de mais evoluído e moderno no campo da comunicação.


2) O cinema é uma linguagem determinada pela tecnologia e na medida em que surgem avanços, abrem-se novas possibilidades de expressão. Como a CINETVPR e o pólo de cinema, que se instala a partir dessa escola, podem contribuir para o acesso e a democratização dessa linguagem?

A CINETVPR possui o que há de mais moderno em equipamentos, seja em câmeras, equipamentos de luz, ilhas de edição, seja em instalações, e agora com o 1º. Estúdio de TV e Cinema, inaugurado durante o Festival, haverá condições para que as produções dos alunos possam ser feitas e veiculadas a outras emissoras, seja em tvs educativas, ou em outras. Nossos alunos, os que chegaram no primeiro vestibular e estão iniciando o 3º. ano, dos 4 anos que formam o bacharelado, já produziram muito, já ganharam editais (veja em nosso site – (www.cinetvpr.pr.gov.br), portanto estamos seguros dos resultados. O Pólo de Cinema do Paraná será formado pelos alunos da escola de cinema do Paraná. O Pólo de Cinema está se formando, serão os alunos e as co-produções, com outras produtoras, que formarão o Pólo e, naturalmente, a perseverança de todos, seja dos professores, da administração, ou dos próprios alunos aproveitando o melhor possível as informações que a escola oferece. Vontade política, dos coordenadores da escola, dos professores, existe de maneira generosa e altamente profissional. Certamente, os trabalhos resultantes dessa conjugação favorável de fatores contribuem, de forma concreta, para o acesso e a democratização da linguagem que alunos nobres virão a descobrir. Quando os órgãos que detêm a guarda desta escola, como SETI e FAP, se convencerem que devemos estar juntos e unidos para o bem desse pedaço do nosso Brasil, ninguém segura essa Escola, esse Pólo de Cinema do Paraná.


3) Como você vê a relação entre cinema e educação?

De forma harmoniosa e muito próxima, afinal toda e qualquer arte resulta em
cultura e educação.


Imagem do cartaz do III Festival de CInema do Paraná, em Curitiba, outubro/20084) Os cartazes do Festival com a figura do copo de leite quente é apenas uma alusão ao local onde o Festival acontece ou uma abertura para a discussão da cara do cinema paranaense?

Não acredito que a Agência de Publicidade G/PAC, uma das mais fortes do Brasil, sediada em Curitiba, ao ter essa idéia genial, tenha pensado em qualquer coisa que não fosse algo que identificasse o Estado, de forma humorosa como essa. Foi aprovado por mim, porque bate no inconsciente coletivo do paranaense, assim como o Prêmio Candango, em Brasília, como o Kikito, no Rio Grande do Sul. Nenhum desses Estados têm vergonha do seu inconsciente coletivo, todos esses Estados se amam, gostam do que são, se respeitam e se cultuam, acredito que se isso ainda não acontece no Paraná, os festivais futuros vão ajudar para que a auto-estima paranaense evolua e passe a se ver com humor e amor.

5) Gostaríamos que você falasse sobre os convidados que ministram as oficinas e participam do júri. Como o Festival conseguiu atrair nomes tão importantes?

Porque são todos incentivadores, empreendedores, além de artistas e admiradores do Governador Roberto Requião. Sempre foi para nós, da classe artística-cinematográfica, uma incógnita o fato do Paraná, um Estado tão importante, tão rico, ser tão pobre no campo do audiovisual. Quando foram por mim convidados, e lhes disse das honestas intenções do Governador desse Estado, no sentido de fomentar um pólo de cinema, todos esses grandes ícones da cinematografia brasileira vieram dar força, mostrar seu carinho e incentivar uma iniciativa tão fabulosa. O Estado do Paraná é muito bem quisto entre nós. Seria tão simples todos os governantes brasileiros terem uma visão assim avançada, com relação ao audiovisual, criar uma escola, fomentar um festival com a finalidade de produzir produtos audiovisuais. Mas isso é para poucos.

6) Para a análise dos filmes em competição, quais são os critérios utilizados?

Quem cria os critérios é o próprio júri que se forma. Aqui, como foi muito bem observado pelo diretor José Araripe, que representava o Ministro da Cultura Gilberto Gil, tivemos a rara oportunidade de ter um júri in véritas, um júri de verdade. Sabe por quê? Geralmente o júri, em outros festivais, é formado não por grandes profissionais como foi o nosso caso, mas por representantes dos patrocinadores, por representantes de órgãos que não têm nada a ver com o cinema em si, mas com o lado comercial do projeto. Isso não nos garante que o critério utilizado pelo júri seja coerente. Aqui o júri foi impecável.
O critério para convidar esse júri, em particular, foi o mesmo que aconselhei as comissões de seleção para escolher os filmes, ou seja, que o Festival do Paraná tivesse uma característica mais reflexiva, pensante, cultural, utilitária, alegre, prazerosa. Essa é nossa idéia.

7) Qual é a sua impressão a respeito da recepção do Festival pelo público paranaense?

Maravilhosa, não poderia ter sido melhor. Nesse segundo festival que, na verdade, foi o primeiro, porque o que realizei antes foi uma Mostra, que contou com apenas 5 filmes longas em competição e 12 curtas, sem oficinas, sem mostras paralelas. Enfim, esse festival de 2007 movimentou 26.000 pessoas, aproximadamente, em uma semana. É um gratificante resultado.

8) Você já está pensando na 3ª edição do Festival?

Sou produtora desde os 22 anos de idade. Comecei produzindo no Teatro Oficina de São Paulo. Produzi cinema, teatro, fundei cursos, mas festival eu nunca havia produzido. Fiquei muito tensa o tempo todo, com medo que não desse certo, porque as condições físicas para se fazer o grande Festival do Paraná de Cinema, ainda não existem. Projetor de 35mm alugado, vindo de São Paulo, um auditório que por melhor que tenha resultado, o auditório Poty Lazzarotto é ótimo, mas não é adaptado para uma boa e ideal projeção de som. Equipe desconhecida, mas que se mostrou de uma eficiência digna dos melhores profissionais do ramo. Enfim, havia condições muito adversas, o que me deixava muito apreensiva. Mas tudo deu muito certo, muito mesmo. Não houve um deslize, um contratempo, assim como se a mão de Deus estivesse nos protegendo o tempo todo. Com esse estímulo, acredito que poderemos fazer um 3º Festival do Paraná ainda melhor.

Ajuda na melhoria da comunicação interna e nas possibilidades de se formar novas parcerias, assim como o crescimento do turismo. Veja, somente nesse 2º. Festival, que é um festival pequeno, iniciante, empregou-se 15 pessoas, recebemos 45 convidados e, com isso, veja quantas passagens aéreas, nacionais e internacionais, foram compradas, ocupamos durante uma semana 4 hotéis, publicamos anúncios, passaram pelo festival em torno de 26000 pessoas, todas as sessões noturnas lotadas, as oficinas idem, as mostras com 60% de aproveitamento. Em todas as capitais do Brasil em que existem festivais há mais de 10 anos, surgiram pólos de cinema fortes, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal, sem falar que no Rio e em São Paulo já existem 3 festivais diferentes a cada ano, em cada uma dessas capitais. Por que será? Porque um festival movimenta idéias, muda costumes, novos encontros. Por exemplo, neste festival recebemos diretores de curtas-metragens de 21 Estados do Brasil. Pessoas que não conheciam o Paraná. Isso é marcante para elas e para os conhecimentos que os seus filmes criaram aqui. Um Festival de Cinema é o que pode haver de mais evoluído e moderno no campo da comunicação. A CINETVPR possui o que há de mais moderno em equipamentos, seja em câmeras, equipamentos de luz, ilhas de edição, seja em instalações, e agora com o 1º. Estúdio de TV e Cinema, inaugurado durante o Festival, haverá condições para que as produções dos alunos possam ser feitas e veiculadas a outras emissoras, seja em tvs educativas, ou em outras. Nossos alunos, os que chegaram no primeiro vestibular e estão iniciando o 3º. ano, dos 4 anos que formam o bacharelado, já produziram muito, já ganharam editais (veja em nosso site – (www.cinetvpr.pr.gov.br), portanto estamos seguros dos resultados. O Pólo de Cinema do Paraná será formado pelos alunos da escola de cinema do Paraná. O Pólo de Cinema está se formando, serão os alunos e as co-produções, com outras produtoras, que formarão o Pólo e, naturalmente, a perseverança de todos, seja dos professores, da administração, ou dos próprios alunos aproveitando o melhor possível as informações que a escola oferece. Vontade política, dos coordenadores da escola, dos professores, existe de maneira generosa e altamente profissional. Certamente, os trabalhos resultantes dessa conjugação favorável de fatores contribuem, de forma concreta, para o acesso e a democratização da linguagem que alunos nobres virão a descobrir. Quando os órgãos que detêm a guarda desta escola, como SETI e FAP, se convencerem que devemos estar juntos e unidos para o bem desse pedaço do nosso Brasil, ninguém segura essa Escola, esse Pólo de Cinema do Paraná. De forma harmoniosa e muito próxima, afinal toda e qualquer arte resulta em cultura e educação. Não acredito que a Agência de Publicidade G/PAC, uma das mais fortes do Brasil, sediada em Curitiba, ao ter essa idéia genial, tenha pensado em qualquer coisa que não fosse algo que identificasse o Estado, de forma humorosa como essa. Foi aprovado por mim, porque bate no inconsciente coletivo do paranaense, assim como o Prêmio Candango, em Brasília, como o Kikito, no Rio Grande do Sul. Nenhum desses Estados têm vergonha do seu inconsciente coletivo, todos esses Estados se amam, gostam do que são, se respeitam e se cultuam, acredito que se isso ainda não acontece no Paraná, os festivais futuros vão ajudar para que a auto-estima paranaense evolua e passe a se ver com humor e amor. Porque são todos incentivadores, empreendedores, além de artistas e admiradores do Governador Roberto Requião. Sempre foi para nós, da classe artística-cinematográfica, uma incógnita o fato do Paraná, um Estado tão importante, tão rico, ser tão pobre no campo do audiovisual. Quando foram por mim convidados, e lhes disse das honestas intenções do Governador desse Estado, no sentido de fomentar um pólo de cinema, todos esses grandes ícones da cinematografia brasileira vieram dar força, mostrar seu carinho e incentivar uma iniciativa tão fabulosa. O Estado do Paraná é muito bem quisto entre nós. Seria tão simples todos os governantes brasileiros terem uma visão assim avançada, com relação ao audiovisual, criar uma escola, fomentar um festival com a finalidade de produzir produtos audiovisuais. Mas isso é para poucos. Quem cria os critérios é o próprio júri que se forma. Aqui, como foi muito bem observado pelo diretor José Araripe, que representava o Ministro da Cultura Gilberto Gil, tivemos a rara oportunidade de ter um júri in véritas, um júri de verdade. Sabe por quê? Geralmente o júri, em outros festivais, é formado não por grandes profissionais como foi o nosso caso, mas por representantes dos patrocinadores, por representantes de órgãos que não têm nada a ver com o cinema em si, mas com o lado comercial do projeto. Isso não nos garante que o critério utilizado pelo júri seja coerente. Aqui o júri foi impecável. O critério para convidar esse júri, em particular, foi o mesmo que aconselhei as comissões de seleção para escolher os filmes, ou seja, que o Festival do Paraná tivesse uma característica mais reflexiva, pensante, cultural, utilitária, alegre, prazerosa. Essa é nossa idéia. Maravilhosa, não poderia ter sido melhor. Nesse segundo festival que, na verdade, foi o primeiro, porque o que realizei antes foi uma Mostra, que contou com apenas 5 filmes longas em competição e 12 curtas, sem oficinas, sem mostras paralelas. Enfim, esse festival de 2007 movimentou 26.000 pessoas, aproximadamente, em uma semana. É um gratificante resultado. Sou produtora desde os 22 anos de idade. Comecei produzindo no Teatro Oficina de São Paulo. Produzi cinema, teatro, fundei cursos, mas festival eu nunca havia produzido. Fiquei muito tensa o tempo todo, com medo que não desse certo, porque as condições físicas para se fazer o grande Festival do Paraná de Cinema, ainda não existem. Projetor de 35mm alugado, vindo de São Paulo, um auditório que por melhor que tenha resultado, o auditório Poty Lazzarotto é ótimo, mas não é adaptado para uma boa e ideal projeção de som. Equipe desconhecida, mas que se mostrou de uma eficiência digna dos melhores profissionais do ramo. Enfim, havia condições muito adversas, o que me deixava muito apreensiva. Mas tudo deu muito certo, muito mesmo. Não houve um deslize, um contratempo, assim como se a mão de Deus estivesse nos protegendo o tempo todo. Com esse estímulo, acredito que poderemos fazer um 3º Festival do Paraná ainda melhor.

Por: Márcia Regina Galvan Campos em Out/2008.
            
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